Vamos falar de fibromialgia?
A fibromialgia pode ser definida como uma síndrome de amplificação dolorosa crônica, caracterizada por dor difusa pelo corpo. Em mais de 80% dos pacientes a dor vem acompanhada de fadiga e de distúrbios do sono, e em grande porcentagem dos casos, coexistem a cefaleia, cólon irritável e alterações do humor como ansiedade e depressão.
O diagnóstico da fibromialgia é clínico e eventuais exames complementares podem ser solicitados apenas para excluir outras possibilidades diagnósticas.
Além da dor difusa (fundamental para o diagnóstico), é importante avaliar a gravidade dos outros sintomas como fadiga, distúrbios do sono, do humor, da cognição e o impacto destes sobre a qualidade de vida do paciente
Existem critérios, propostos em 2010/2011, que levam em consideração outros sintomas além da dor difusa e da palpação de pontos dolorosos, usados anteriormente. Utilizando esse novo critério, podemos falar que a pessoa tem fibromialgia quando ela apresenta uma pontuação ≥7 em um total de 19 pontos possíveis no índice de dor difusa associado com pontuação ≥5 na escala de gravidade ou um índice de dor difusa um pouco menor (entre 3–6) mas associado a índice de gravidade ≥9. Também é necessário que os sintomas estejam presentes por pelo menos três meses.
O exame físico geralmente é normal, sem evidências de alguma enfermidade sistêmica ou articular. A força muscular encontra-se preservada, o exame neurológico não demonstra nenhuma anormalidade significativa. Os exames de análise laboratorial e radiológica também costumam ser normais.
A predisposição genética é um fator bem estabelecido na fibromialgia. Parentes de primeiro grau de pacientes com fibromialgia apresentam um risco oito vezes maior de desenvolvê-la. Familiares de pacientes com fibromialgia têm maior risco de desenvolver qualquer quadro doloroso crônico e apresentam sensibilidade dolorosa maior que controles.
Entretanto, a causa exata e os mecanismos exatos que resultam neste quadro de amplificação dolorosa ainda não estão muito definidos.
Já sabemos que o principal mecanismo da fibromialgia é a amplificação da sensibilidade dolorosa pelo sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Isso ocorre em decorrência de modificações observadas nos mecanismos envolvidos no processamento da dor em nível central e é inquestionável que existe um rebaixamento do limiar de dor nestes indivíduos. Assim, a fibromialgia não é psicogênica, embora certamente sofra influências de componente psiquiátrico, como aliás ocorre em outras condições dolorosas crônicas. Aqui, se você quiser saber um pouco mais sobre isto, leia o blog intitulado “O mistério da Dor Crônica”.
A utilização de medicamentos é feita com o objetivo de controlar a dor e os demais sintomas. A escolha do medicamento a ser utilizado dependerá basicamente do conjunto de sintomas apresentados. Deve-se iniciar o uso de medicação com doses baixas e elas devem ser aumentadas lentamente pois os pacientes apresentam predisposição a efeitos colaterais. É importante salientar que vários pacientes necessitam de mais de um medicamento para o controle de seus sintomas.
Além da medicação é muito importante a participação de equipe multidisciplinar no tratamento. Essa equipe pode ter vários profissionais (dependendo das necessidades de cada paciente), mas o membro principal é o próprio paciente, que deve se engajar no planejamento de metas, na sua execução e, finalmente, comemorar sua melhora.
Autor: Dra Claudia Barata Ribeiro – CRMDF 9396